Drum & Bass (dnb)
Em 1990. É criado na Inglaterra um estilo de música que geraria polêmica sobre o futuro da Dance Music no mundo. O Hardcore Breakbeat. com forte influência do Rap americano, Acid House e batidas aceleradas em 45 rpm (rotações por minuto), faziam a cabeça dos jovens nas então borbulhantes festas Raves, que levavam dezenas de milhares de pessoas a locais abertos para se acabarem de dançar ao ’som do novo milênio’. Muitos artistas de Drum & Bass que conhecemos hoje tiveram o início de suas carreiras nessa época. Esse Hardcore se subdividiu em dois, sendo o Happy Hardcore (estilo mais alegre, com samples de vocais celestiais e mensagens positivas) e o Dark Hardcore (com timbres mais pesados e macabros, demonstrando a degradação e os problemas do cotidiano).
Nesse mesmo ano um inglês chamado Daniel Williamson, hoje conhecido como LTJ Bukem, produziu uma faixa que fez muito sucesso, sendo considerada uma das mais influentes músicas da época: intitulada ‘Logical Progression’, a faixa seguia a estrada ‘feliz’ do Happy Hardcore, sendo lançada pela VMR Recordings. Ainda em 90, outra música de peso foi produzida por Bukem: Demons’ Theme. O DJ passou um bom tempo tocando sua nova faixa em dubplate (disco de teste), que embora fosse agressiva, possuía uma parte em que trazia calmas e belas melodias. Esse single seria lançado em julho de 91, agora pela gravadora do próprio Bukem, a Good Looking Records.
No Ano de 93, outro grande lançamento de LTJ Bukem causou enorme alarde no movimento, agora conhecido como Jungle: ‘Music’ era o nome da faixa. A partir desse ano começaram a surgir outros selos com ênfase principal no estilo que começava a ser chamado de Ambient ou Intelligent Jungle, tais como Dee Jay Recordings, R&S, Rugged Vinyl e Bear Necessities, trazendo trabalhos de artistas como PFM, DJ Crystl, Appallosa, Jack ‘n’ Phill, Just Intelligence, Photek, Alex Reece entre outros. Na época muitos criticavam esse estilo de Jungle, que era tido como o oposto do som pesado da época, liderado pelo Jump-up da então gravadora líder da cena Jungle, a Suburban Base Records e seu casting de peso que tinha artistas como DJ Hype, Danny Breakz e Krome & Time. Além do mais, o Ambient Jungle era considerado muito calmo para ser executado numa pista de dança, as pessoas não estavam habituadas e nem com suas mentes abertas para esse tipo de música. Alguns outros artistas da cena tentavam dar grande apoio ao estilo Atmosférico, como o DJ Stage One com sua série de coletâneas ‘Jungle Tekno’, que era lançada pela gravadora Jumpin’ & Pumpin’ e tinha, em sua maioria, faixas mais experimentais.
Em 1994 o mesmo LTJ Bukem lançaria mais duas faixas. Uma delas era a 19.5 Hz’ que fez ao lado do produtor Peshay e ‘Horizons’, que foi o primeiro lançamento do recém-criado subselo da Good Looking, o Looking Good, e que coincidiu ainda com a abertura da lendária noite de Drum & Bass de Bukem, a ‘Speed’, no Mars Bar em Londres. Nascia aí o conceito do que é conhecido hoje como Atmosferic Drum & Bass. A festa Speed foi o principal meio de divulgação do estilo na Inglaterra naquela época, quebrando barreiras com a ajuda de Fabio e L.T.J. Bukem, e da qual ‘Good Looking Records’ se tornou sinônimo.
O Atmosferic drum’n'bass hoje
Oito anos depois o estilo evolui, tendo derrubado completamente o conceito de ‘música para ouvir e não para dançar’. Outros selos e artistas surgiram, cada um com suas particularidades. A principal gravadora ainda é a Good Looking, que vem seguida por outras como Covert Operations, Inperspective Records, Nu Directions e Warm Communications.
As influências.
Os produtores deste tipo de Drum & Bass tiveram seus contatos com a música desde cedo, tendo sido muito influenciados pelo Jazz, Soul, Rare Groove e o Funk dos anos 70 e 80. Herbie Hancok, Miles Davis, Roy Ayers e Gill Scott Heron são alguns dos artistas que fizeram suas cabeças e influenciam suas produções até hoje.
Os artistas atuais.
Apesar de serem um número bem menor e terem um mercado também menor com relação aos estilos mais pesados de Drum & Bass, os artistas continuam com a sua ‘missão’ de fazer as pessoas ouvirem a ‘música para a alma’. Os principais são: LTJ Bukem, Nookie, o japonês Makoto, Blame, Big Bud que saiu recentemente da Good Looking, ASC, Pariah, Seba, Rantoul, Pete Rann, J-Laze, Cedar, Nu-Moon, Conrad que é MC de LTJ Bukem desde o início e agora trilha pelos caminhos da produção de Drum & Bass.
No Brasil.
No Brasil o estilo ainda é tido como uma coisa um tanto incomum, apesar de as pessoas já terem a opinião um pouco mais flexível do que na época de sua criação, quando muitos aqui diziam que era Jungle ‘de motel’. Por enquanto só são conhecidos três DJs especializados em tocar o Drum & Bass Atmosférico no país: os DJs Kax e Linkage de Brasília e o DJ Alex DB de São Paulo, que inclusive produz música enfocando este estilo.
Sempre existiram inúmeras etiquetas, extremamente bem organizadas, que se empenharam em promover e produzir um lado mais ‘dark’ do Drum&Bass, mas o mesmo não aconteceu com o Atmosférico. Se procurarmos no mercado algo do gênero atmosférico, ou mesmo uma noite dedicada ao estilo, veremos nossas opções reduzidas em festas e selos. Claro que não podemos esquecer de selos como ‘Creative Source’,'Good Looking Records’ e as suas subsidiárias, que investem intensamente na divulgação do estilo.
De tempos em tempos aparecem novos projetos, mas sem um impacto suficientemente forte para projetar um som que está sempre em constante evolução, gerando novos breaks a cada dia, que tentam manter um espírito mais próximo das suas raízes e que também guardam as origens do Drum&Bass e os seus elementos cruciais.